segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Sinopse: "Fulgurbs: A cidade do relâmpago"

Premissa geral:

    A história se passa na cidade de Fulgurbs, com as dificuldades e desigualdades de uma cidade complicada desde sua origem.

    No planeta de Tellomus, existe uma zona de tempestade muito intensa sobre o leste do continente de Finespes, uma zona considerada inabitável por milênios, dadas as fortes chuvas, intensos raios e fogo de santelmo que, diariamente, castigavam os cerca de quatrocentos mil quilômetros quadrados de terra.

    Porém Finespes se encontra em uma crise de moradia, com poucos espaços livres para a construção, sobrando apenas as grandes montanhas de Magmatris, que não sofrem de efeitos climáticos extremos, ou a terra inabitada, relativamente plana e tempestuosa de Fulmen. A população mais pobre era a mais necessitada de novas moradias, com muitos vagando pelas ruas e becos das grandes cidades, implorando ao governo que novas moradias fossem construídas. A população mais rica, quando em necessidade de novas moradias, apenas construía uma residência nas montanhas ou até mesmo no mar.

    A primeira proposta era que Magmatris fosse o local do projeto de uma nova cidade, capaz de suportar até um milhão de habitantes quando completada. Porém, dada a dificuldade logística e o custo elevado de construir uma cidade em montanhas tão altas que podiam rasgar as nuvens do céu, mesmo com a elevadíssima tecnologia disponível, a decisão foi tomada de construir em Fulmen, dado o custo relativamente baixo de construção e expansão.

    A cidade, nomeada de Fulgurbs, foi completada em tempo recorde, ao custo de algumas dezenas de operários que faleceram em decorrência dos eventos climáticos locais. Em cerca de dois anos, uma estrutura completamente funcional e eficiente foi erguida para suportar um milhão e duzentos mil habitantes. Toda a estrutura base foi oferecida para que os habitantes pudessem levar uma vida normal e tranquila, exceto pelos eventos climáticos cataclísmicos para os novos cidadãos.

    Para ela, todos os menos favorecidos sem residência foram realocados, porém um estranho movimento iniciou-se, com vários ricos comprando residências de pessoas mais pobres que moravam fora de Fulgurbs. O movimento deixou várias casas desabitadas fora da zona da tempestade, com muitas pessoas que moravam lá se mudando para Fulgurbs após venderem seus domicílios. Com isso, logo Fulgurbs encheu-se de pessoas da classe baixa, que mal sabiam estar entrando num plano acidental, porém muito cruel, de afastar as pessoas mais pobres dos grandes centros urbanos tranquilos e enviá-los, cada vez mais para as zonas tempestuosas do continente.

    Os ricos nem planejaram nada, apenas queriam ter uma casa próxima ao centro, pela conveniência de acesso a todos os serviços e mantiveram-se morando em suas casas nas montanhas ou no mar pela "paz de espírito" que buscavam vagamente. Este ato de comprarem residências nos centros urbanos calmos fez, porém, com que várias pessoas de classe baixa que moravam nestes lugares se vissem tentadas pelas propostas extraordinárias das classes altas de comprarem suas casas a preços acima dos de mercado, sem saber que seu destino seria morar num lugar castigado por tempestades.

    Com o tempo, Fulgurbs lotou e tiveram que planejar novas cidades no, agora nomeado, estado de Fulmen, todas elas adentrando cada vez mais em direção ao centro das tenebrosas tempestades locais.

    A história é contada do ponto de vista de Cassius Lucius, um habitante sábio de Fulgurbs que percebe o grande movimento se desenrolando ante aos seus olhos, começando a escrever sobre o local e até a propagar o quão insípida é a vida lá.

    A história aborda tanto a luta de Cassius de convencer as pessoas a não se mudarem para lá, como também de combater conspirações de habitantes de Fulgurbs e outras pessoas de fora, influenciadas por seus trabalhos de explicação das condições de vida locais, que acreditam ser uma grande conspiração do governo ou dos ricos para cometer um genocídio da população mais pobre. Seu árduo trabalho, por vezes, é destorcido por conspiracionistas que apenas querem atenção e espalhar mentiras, dizendo ser tudo parte de um grande plano do governo e/ou pessoas ricas para exterminar os pobres ou dominar o mundo.


    Os nomes são de origem latina, aqui está a sua inspiração:

-Fulgurbs: (Fulgur + Urbs) Junção de "Relâmpago" e "Cidade", seria como "Cidade do Relâmpago"

-Tellomus: (Tellūs + Domus) Junção de "Planeta" e "Casa", como se fosse um "Lar Terra"

-Finespes: (Fines + Spēs) Junção de "Território" ou "Limites" com "Esperança", significa tanto "Território da Esperança" quanto "O Limite da Esperança", recebeu esse nome pelos seus descobridores no ano de 1492 PC ("PC" = "Após o Chamado". Foi um evento em que uma pessoa convocou doze homens para peregrinar com ele por terras distantes e nunca mais voltou, se tornando um evento religioso canônico para a maioria dos habitantes de Tellomus).

-Magmatris: (Magnum + Mātris) Junção de "Grande" com "Mãe", então seria uma "Mãezona"

-Fulmen: Relâmpago


Escrito dia 16/12/2024

sábado, 23 de novembro de 2024

An open letter for those who want war

   Why to wage a war? That's the first thing that comes to mind. Living a peaceful life should be everyone's right, then, again, why ruin it with your political and/or economical ideas? A lack of symphaty, understanding, love and respect, that's the only reason to fight. For those who crave war, already lost their humanity, their feelings and their soul.

   To be a reasonable fight, it should only be to defend yourself and those you love from unfair agressions, but what we see today are made up enemies to conform political made up causes. Unfortunatly, the losses aren't made up. Look at your enemy and remember that, just like you, they have a family, friends and a political leader that really doesn't care about it all, but its own interest.

   Fight for what? War brings destruction, spends your money and of those you love, might also spend your lives, something you can never get back, no matter what victory it brings. Living under the constant fear that a flash of light will simply evaporate you and everyone you know in seconds isn't really a good life perspective, is it? Then, again, this is only for us, not for those political leaders who wage the war, they're well safegarded within their bunkers, away from the turmoil. On the day they lead an army in the frontline, then, maybe, it'll make sense to fight.

    Why go "Давай за" if you can simply avoid "Война"? I don't speak russian, so I can't really get them the same message, but I wish they could listen to their own music, especially KINO, so I leave here some citations: "И две тысячи лет война, война без особых причин, война дело молодых, лекарство против морщин" - Группа КИНО - Звезда по имени Солнце; "Перебиты, поломаны ноги, каждый звук отдаётся в мозгах, да и жаль умирать мне, ей богу, о двадцати неполных годах. Слёзы льются, из глаз моих льются, а не могу я их удержать, сам себе говорю: «Успокойся, а мы с улыбкой пойдём умирать!»" - Александр Дорошенко - Афган.

    To make the world a better place, we need to respect and understand each other, on both sides. Why not just go with a calm life? Daily buying some bread, beetroots, potatoes, meat and going home? Or going to work and safely come back home? Instead of coming out of your way to kill someone you don't even know, just because someone else said so. If two nations don't wanna fight each other, there's no war. Just live a safe life, there are already so many other problems in this world to deal, why create a new one?

    Die in war, what a sad way to end a life. Your badges won't take you to a better place, your medals won't bring you back to life, nor your fallen friends, war doesn't bring victory to anyone, just two types of defeat, the ones who lose everything to win the war and the ones who lose everything for nothing. My plead is not a case of "Make love, not war", it's more like "Make anything but war", we fight so many battles everyday, why fight one more?


Toinho Stark do Cangaço, 23/11/2024


23/11/2024

(Why to fight? Why to die?)

(Why not just go with a calm life? Daily buying some bread, beetroots, potatoes, meat and going home? Or going to work and safely come back home? Instead of coming out of your way to kill someone you don't even know, just because someone else said so.)

(Why go "Давай за" if you can simply avoid "Война"?)

(It's not a case of "Make love, not war", but rather a "Make anything but war")

(War doesn't bring victory to anyone, just two types of defeat)

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Nosso precioso tempo

    O que tinha, a princípio, era uma promessa de eternamente viver a felicidade, de dedicar-se um ao outro sem pedir nada em troca, um amor lindo e perfeito, pautado em nossa inocência e inexperiência, onde cada contato era mágico, cada descobrimento era como pisar na Lua, cada passo era pequeno para um homem, mas um salto para nossa felicidade. Horas a fio, me mantinha acordado para te agradar, me erguia para te fazer sorrir novamente, sabendo que o mesmo tu fazias por mim.

    Que você se dedicou de maneira excruciante, pois a dor não te doía, era claro, em nossa cegueira de amor, víamos tudo. Teu sorriso, tuas lágrimas, me recordo com apreço, toda riqueza é ninharia perto disso, sei o valor que cada noite em claro, cada gemido, cada esforço, cada descanso e cada sorriso teve. O duro trabalho conjunto que fazíamos parecia diversão, alimentávamos nossa paixão sem nem perceber.

    Houve um tempo que parecia mágica, que percorria a mão pelos seus cabelos e sentia tal energia, como se curasse minha alma. Teus doces risos eram pura dopamina, ecoavam dentro de mim e arrepiavam, meu corpo apenas mimicava tua felicidade sem se preocupar com motivos. Eras como um chocolate, que viciava a cada segundo, um prazer te ter comigo, te derreter em minha boca, saboreando aos poucos. Teus comentários da natureza, devaneios, as vezes que cozinhamos juntos, até os tapinhas que eu não pedi para receber e reclamei, tudo valeu a pena

    Com isto, nós passamos por muitas coisas, tantos momentos maravilhosos, outros tristes, mas estavas lá ao meu lado nos piores dias de minha vida, me acolhendo nos teus braços, me dando teu ombro para choro, entendendo meu pranto e respeitando meu tempo. Lembro que estava de costas para ti, naquele fatídico dia 06 de Novembro, e você me abraçou por trás, sonorizando um leve gemido de calmaria, me dizendo que estava tudo bem, que iria ficar tudo bem. Das brigas tiramos ensinamentos, dos momentos tristes, criamos laços fortes, da fraqueza, a força.

    Nosso tempo, porém, mudou aos poucos, sutilmente desatando os nós que nos uniam. No começo, cada minuto parecia durar horas, mas hoje em dia, as horas parecem durar minutos. Hoje mastigo apressado a barra inteira, sem sequer perceber que comi todo o chocolate, mesmo tentando saborear até os resquícios do dente, essa dose não surte mais efeito. Sinto-me perdido no espaço, se algum momento ao teu lado parece durar uma eternidade agora, é de tédio e não felicidade, não há novidade.

    Amor, o que aconteceu com o tempo que passávamos juntos? Parece que agora nosso tempo vale menos, quando houve essa inflação? Por que perdeu tanto valor? É como se tudo tivesse virado rotina. Estou eu anestesiado por tanto te ter? Será que preciso dar falta de você para voltar a sentir todo aquele prazer? Preciso de respostas para esta que é a maior crise que já enfrentamos, a desvalorização do nosso precioso tempo.



Toinho Stark do Cangaço, 20-21/11/2024


20/11/2024

(No começo, cada minuto parecia durar horas, hoje em dia, as horas parecem durar minutos)

(O que aconteceu com o tempo que passávamos juntos? Parece que agora nosso tempo vale menos, quando houve essa inflação? Por que perdeu tanto valor?)

21/11/2024

(O que houve com nosso amor?)

(Chocolate)

(Hoje mastigo apressado a barra inteira, nem percebo que estou comendo todo o chocolate, mesmo assim, tentando colher até os resquícios do dente, essa dose nem surte efeito mais.)

(Como se tudo tivesse virado rotina)

(Estou eu anestesiado por tanto te ter? Será que preciso dar falta de você)

domingo, 10 de novembro de 2024

In Prudence

    -"Joseph Greenwood, the forensic investigator, just arrived, I'll guide you to the scene, be careful, firefighters said the zone is still prone to fires"

    As I walk through this scene that I've seen so often before, I can already deduce so many things, skid marks, must have lost control, the wrecked car on the ditch says everything, what was the cause this time? Drunk driving? Speeding? A moose? We'll see.

    I've done it many times before, I've grown used to it. I'm looking at evidence in the car, on the highway, it's so dark, only flashlights and floodlights iluminate the scene. The accident happened around 9 PM, the car flipped over several times before resting on that ditch, a single occupant, deceased on the scene, nothing that I've never seen before, however, this case struck me with curiosity.

    The driver was examined, not a single drop of alcohol, no visible animals or obstacles, everything concludes that the driver lost control on its own, I can already conclude that it was a case of speeding, as sleeping on the wheel woudn't leave this marks on the asphalt, but I wait my fellow investigators to do their job. The result is that he was doing 120 km/h on an 80 km/h zone, lost control on its own and crashed. Something I've seen dozens of times already, but I feel awkward looking at the personal belongings of this 32 year old man.

    As I walk on the scene, so many things catch my eyes, a small glimpse and I see a book on a bag, opening it on the marked page, it's 237, halfway, I've read this one before, too bad he will never know that the woman on the book manages to escape the abusive relationship she's living and finds a fulfilling life with that other guy that no one noticed from the beginning. That story is amazing on the last chapter, but he was shy of it by about 130 pages.

    Next thing I see is the GPS, still showing his destination, about 1 km away from here, near the exit. At 80 km/h, he would be there in 45 seconds, at 120 km/h he was supposed to be there in 30 seconds, but I guess now he will never be. A half eaten burger is sitting in the ground, probably due to the impact, he didn't have time to finish his last meal. Next, his ID was given to me by a police officer, "Adam McNelson", that sure was a good name, birthdate in 2 months. 

    On his personal bag, near the book I found earlier, there's a folder, inside of it, several documents, a few works of calculation and some drawings, the last one is unfinished, half the face of a pretty woman, some sketches where the rest of the face should be, so many things left undone. I can see his case with pencils of varying sizes and tips, erasers, sharpeners, all waiting eagerly to be used.

    A family picture, how touching, a wife and two kids, I bet they're there still waiting for their beloved father that will never enter that door again. I've never been emotionally moved by a scene like this before, normally, I feel no simpathy for them because they were reckless and careless, but this guy was different. A tear rolled down, I felt unease knowing that he died halfway such a wonderful life, achieving all a man would need, just to die saving a few seconds of said precious time, in that effort, he lost a couple of decades, was it worth the gamble? Even more ironic is that he died just outside the County of Prudence.

Toinho Stark do Cangaço, 09/11/2024 (dd/mm/yyyy)


(What to add in the text: The half read book, GPS showing 1km or so to the destination, might use burgers as a unit, doing 120km/h on an 80km/h zone, half finished drawing, half eaten burger, family waiting at home, half a lifespan, not under the influence)

(Died, ironically near the county of Prudence)

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Os desenhos referentes ao dia de hoje

     Pois hei de explicar cada desenho em sua legenda:


A árvore seca é a morte em si, de forma física, da mesma forma, o relógio sem os ponteiros representa o fim do tempo da pessoa na terra, representando a morte metafórica, também representa a passagem do tempo sem que a pessoa perceba, já que você nem sabe que horas são. Os pedregulhos são os cacos do que um dia foi tudo, o rio corre ao lado da mesma forma que o tempo corre sem podermos pará-lo. O girassol representa a nova vida, uma pessoa na flor da idade, neste caso, eu mesmo, que observa ao longe o fim dela, também é uma referência à música da banda Cidade Negra, chamada "Girassol". A borboleta é uma referência ao desenho do ano passado, que tinha uma borboleta pousando em meu dedo, a carambola no chão representa a minha infância, comendo carambolas na casa de uma pessoa que morava perto, ia com ela para lá comer carambolas direto do pé.

A ponte quebrada representa a falta de conexão, como se não houvesse mais contato entre um lado e o outro, também representa a sensação de ceder, de não aguentar mais o próprio peso e colapsar, assim como não aguentar o peso do mundo passando por cima de ti, além de representar a ideia de que você é indestrutível, mas, no fundo, só quer colapsar, ir à lona, pois a gravidade sempre está ali tentando te derrubar. O rio correndo representa o tempo, que impiedosamente corre, sem esperar por nós, sem ser detido, sem pedir licença, apenas flui no seu ritmo, nos foçando a acompanhá-lo.

À minha segunda mãe

    Não sei sequer como começar a falar sobre isso, porque meus sentimentos ainda afloram, mesmo após quatro anos, quando lembro de ti ou penso em ti, tudo virou um tabú que eu tento, inutilmente, vencer. É mais fácil falar dez palavrões em sequência do que o seu nome, até mesmo a sua função de tia, eu não consigo dirigir a ninguém, me sinto o Wonka tentando falar a palavra "pai", virou uma palavra sagrada para mim, uma memória de alguém tão incrível, uma verdadeira super-heroína, que acompanhou todos os familiares nos hospitais até seus leitos de morte, mas morreu sozinha, abandonada, num quarto onde ninguém podia ir até ti.

    Consigo imaginar o sofrimento, a solidão e a dor que você passou, a enfermeira contou que você dizia: "Não me deixe fechar os olhos, estou com medo de não acordar mais", e você, no hospital que tanto odiava por ter levado de ti tantos parentes importantes, repousava ali, somente como um número no hospital Otávio de Freitas, somente mais uma. Esta uma que foi dita como "doença psicológica", por um médico na UPA, agora estava pagando o preço de uma conta que não era dela.

    Nunca mais pude te ter ao meu lado, pois agora não estávamos no mesmo mundo, lembro de promessas que te fiz e não pude cumprir, lembro-me, em Março de 2020, no seu aniversário, poucos dias depois, na verdade, eu tinha feito um bolo de coco, lembro que você disse que queria muito comer bolo prestígio, mas eu já tinha planejado o de coco, tolo eu de achar que este plano valia de algo, te disse, inocentemente: "Ano que vem, no seu aniversário, prometo que faço um bolo prestígio para você, só esperar, não precisa se preocupar", eu pensava que era cedo, mas, no momento que tomei aquela decisão, já era tarde.

    Te prometi também que terias teu espaço em minha futura casa, quando a construísse, que colocaria uma rede entre dois pés de manga, sua fruta preferida, hei de fazer, sempre que quiser, pode visitar, se é que existe uma forma, será seu porto seguro. Teu lugar em minha morada, assim como em meu coração, sempre será teu. Todas as promessas que te fiz, pode me cobrar, buscarei fazê-las de bom grado, igualmente ao seu amor por mim, o meu por ti é incondicional. 

    Esquecer de você é como negar quem tanto fez por mim, mas lembrar de ti também é sofrido, como um martírio, é um dilema que tenho, lembro-me que não fiz, enquanto em sua vida, tudo que deveria ter feito, por alguém tão importante, tão especial, que cuidou de todos nós. Lembro que naquele dia, chorei muito, mas não deixei ninguém ver meu pranto, lembro de passar dias chorando em meu canto, tantas semanas que não sei nem contar. Enquanto alguém lembrar de ti, você estará viva, seu sorriso, sua história, sua capacidade de ver a maldade das pessoas sem sequer conhecê-las, sempre acertando. Sua morte em 06 de Novembro de 2020 não me deixou com medo de viver, mas sim de não ter vivido o bastante quando for tarde de mais.


Toinho Stark do Cangaço, 04-06/11/2024

(Não tenho medo de viver, mas sim de não ter vivido o bastante quando for tarde de mais)

(Lembro de minhas promessas e de tudo que não pude cumprir, de ter te dito, inocentemente, que sempre teria o próximo ano para cumprir, eu pensava que era cedo, mas ali já era tarde demais no momento que tomei aquela decisão)

(Não consigo nunca te esquecer)

Meu Sol que partiu

Sua graça aliviou

Qualquer sofrimento

Um anjo que afastou

De mim o tormento


Seu sorriso alegrava

Tudo que passava

Se bem você estava

Meu dia melhorava


Faz falta seu cuidado

Te ter ao meu lado

Ser por ti confortado

Era meu agrado


Choro aqui sob o lençol

Coração de paiol

Você deixou de ser Sol

Para se tornar sol


Toinho Stark do Cangaço 01-06/11/2024


Dedicado à minha tia, que foi uma segunda mãe para mim, pode até ter deixado de estar aqui em 06 de Novembro de 2020, mas nunca deixou de estar junto a mim.


(Choro aqui sob o lençol)

(Você deixou de ser Sol para se tornar sol)

7 6 7 6

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Árvores

     Sou um pequeno joão-de-barro no topo de uma cinzenta árvore, cujos galhos são cinza e as folhas amarronzadas seguem por uma longa extensão que perco de vista, pequenos sóis se acendem por aqui quando o sol maior se apaga. Ouvi os humanos chamando a massa cinza que criou esta árvore de "concreto", então chamo esta pequena floresta de "árvores de concreto", é meu ponto de repouso, longe das assustadoras montanhas de concreto, mais assustador ainda são as montanhas de céu, você está voando por aí achando que só tem céu em sua frente, então esbarra numa montanha de céu, morrendo em seguida, por isso me escondo aqui.

    O que me surpreende é como este lugar sequer existe, parece tão estranho, tão anormal, como se nada fizesse sentido. Mas não devo me preocupar com tais besteiras, aqui tenho a comida que os humanos deixam cair no chão, ao menos as que os ratos não comem, pequenas plantas crescem por aqui, ainda que pareçam enfrentar grande resistência do ambiente, e um pouco de água passa entre as folhas, são fonte de minha sobrevivência, um pequeno preço a se pagar pela falta de predadores e perigos.

    Bom ver que aqui é pacífico para mim, mas não entendo os outros que aqui habitam, parece que nenhum ser quer ficar por aqui, ao menos isto afasta os indesejados predadores, mas a emoção que paira ante a tantas formas de vida é a solidão. Na verdade, nem sei se tudo aqui é vida, os humanos entram voluntariamente em uma grande centopeia, mas não parecem ser comidos, do contrário, até se alegram quando a veem com seus olhos iluminados, tão apressados, alguns correm para serem levados por ele, por que estas criaturas não sabem apreciar a calma? Parecem não descansar, será que estão sempre fugindo de um predador e achando abrigo dentro da centopeia? Aonde ela os leva? Se lá é um lugar tão bom, por que voltam aqui? Se aqui é um lugar tão bom, por que fogem?

    Senso espacial, equilíbrio, medo e verde, é o que perdi quando decidi morar aqui, ainda vejo as plantas ao longe, mas não ouso tocá-las, as plantas daqui são tão pequenas que até eu pareço grande junto a elas, as de lá estão na zona perigosa. O conforto me fez inerte, nem penso no que pode ser amanhã, apenas descanso, acho que será assim para sempre, como, durmo, canto, vou de árvore em árvore, em seus galhos de concreto, já fiz isso por muito tempo e creio que só farei isso. A morte só existe se um predador me atacar, não é? Ou se eu colidir com uma montanha. Acho que minhas asas nem são mais úteis, aqui nesta morada de conforto, sequer preciso voar, voo apenas pela emoção por alguns segundos e já cheguei no destino.

    Chamando outros pássaros para este abrigo no meu tempo livre, é o que faço aqui além de sobreviver, sinto saudades de voar, da minha liberdade, de desbravar tal azul do céu que faz lá fora, mas tenho medo do que pode me atacar por lá, nem sei se minhas asas aguentariam me sustentar por mais de um minuto. Mesmo assim, sinto imensa vontade de enfrentar este desafio, de bater minhas asas novamente, talvez por isso todos os humanos que aqui passam vão embora, cedo ou tarde, eles também querem voar. 


Toinho Stark do Cangaço, 29/10/2024

(Narrar a história do ponto de vista de um pássaro no topo de uma estação de metrô, que chama suas colunas de "árvores de concreto", o pássaro é um joão-de-barro, a ideia é criticar a vida apressada em aparentemente sem sentido dos humanos, tive essa ideia esperando pelo metrô em Joana Bezerra.... Parece até que eu estou dando comandos para uma IA, lol... Acho que pensamos parecido)

(Sou o bom senso chamando)

(Senso espacial, equilíbrio, medo e verde, é o que perdi quando vim parar aqui)

(Chamando outros pássaros para este abrigo o tempo todo, é o que faço além de sobreviver. Sinto saudades de voar, da minha liberdade, talvez por isso que todos os humanos que aqui passam vão embora, cedo ou tarde, eles também querem voar)

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Estrada de flores

     Ando pela estrada de mão única, iluminada pelas luzes da alvorada, cada dia cresce a esperança de te ver de novo, nem sei se ainda lembras das promessas que te fiz depois de tantos anos, nem se ainda manténs os teus planos, teu sorriso suave para as pequenas conquistas do dia, tuas lágrimas sinceras de quem só se dedicou aos outros por toda a vida, que com tanto esforço varria a porta de casa, já envelhecida.

    Pensando em tudo que você fez por mim, desde o princípio ao fim, sinto a sua presença distante por aqui, sinto ansiedade de rever teus verdes olhos, de acariciar seus cabelos na cadeira da cozinha, mas as memórias machucam tanto, agouram minha visita a ti, pedem que eu largue tudo e vá te ver, mas não quero ser tão imprudente.

    Em jornada, caminho devagar pela estrada que outrora caminhastes, mas sigo a passos largos, como se quisesse chegar logo ao fim, me distraio com a beleza que deixastes para trás, os campos que floriram com tuas mãos, as pessoas que sorriram com tua graça, ando pegando flores para te entregar, pensando em versos para cantar, ansiando poder te encontrar, me pergunto como você deve estar.

    Você habita minha mente, pois meu lado já não pode mais, eu sigo aqui, dormente, esperando ter de novo tua paz, pois em ti ainda habita um pedaço do que fui, se meu coração ainda palpita, é porque a dor não dilui, mas não consigo esquecer de quem por mim tudo fazia, quem insisto em escrever, que era e sempre será minha tia.


Toinho Stark do Cangaço, 29/10/2024, 03:05


Contexto geral:

No dia 06 de Novembro de 2020, aquela que foi mais que uma segunda mãe, autoproclamada como minha mãe e irmã de minha mãe biológica acabou por estender sua distância de mim por um valor indeterminado matematicamente, pois seu coração batia apenas pelos outros, logo, ele não pode suportar o isolamento frio do hospital Otávio de Freitas, sem motivos para prosseguir, ele apenas parou para descansar. Ela, então, viu que já tinha cuidado de todos aqui que precisavam de sua ajuda, logo foi se aventurar por outros lugares além de nossa compreensão em busca de novas pessoas para ajudar.


(Ando pensando em você)

(Pegando flores para te entregar, pensando em versos para cantar, ansiando poder te encontrar, me perguntando como você deve estar)

terça-feira, 22 de outubro de 2024

Um esbarrão no caminho

    Que eu vivo passando por situações complicadas, já é de senso comum, mas hoje foi um dia atípico, estava andando pela avenida Conde da Boa Vista, seguindo para o Recife Antigo, quando estava prestes a passar pela esquina da rua José de Alencar, eram umas 10:30, quando pisco meus olhos por um segundo, assim que os abro, já estou esbarrando com uma Senhora (Com o perdão do trocadilho com o nome da rua), digo, uma senhorita, numa interação de dois segundos que duraram uma eternidade.

    Dia 22 de Outubro de 2024, estranho, com certeza, nem lembro bem o que ela trajava, só lembro dos seus cabelos escuros e seu comportamento educado, nossos braços se entrelaçaram com o choque, logo desfizemos a união e eu, automaticamente e muito constrangido, sem reação e ainda abobado ante a situação, apenas pedi desculpas algumas vezes, nem sabia como reagir, ela correspondeu, afirmando estar tudo bem e logo seguiu seu rumo, nem tive tempo de olhar os detalhes, se tinha anel, se andava junto a alguém, de onde ela veio, pra onde ela vai, não sei dizer.

    Maluco pensar que ela alugou um triplex em minha mente, estou até agora pensando em quem seria tal dona, será que poderíamos ter desenvolvido algo mais ou isto foi apenas um esbarrão no caminho? Não posso afirmar nada, nem que sequer teria chance de evoluir em algo, não sei nada sobre ela além do que informei, espero que ela esteja bem, talvez eu devesse ser mais atento ou quem sabe nos esbarraremos mais vezes.


Toinho Stark do Cangaço, 22/10/2024

(Que dia maluco)

domingo, 13 de outubro de 2024

Meu pequeno sonho

    Sou um ser pensante em meu leito, enquanto tento descansar o dia, sonho com ter uma esposa, que tão bem me faria, digo que um sonho é verdadeiro e profundo quando você aproveitará mais a vida depois de realizá-lo, quando sabe do mundo de possibilidades que surgirão ao consegui-lo. Você percebe que vale a pena quando, após realizar tal sonho, a vida começa a ter sentido, enquanto que num sonho raso, o sentido se perde ao realizá-lo. Por isso estou vendo um amor verdadeiro, aquele que só cresce a cada volta do ponteiro, é o que está ante os meus olhos agora, neste mundo maluco, você é a sanidade.

    Apenas queria acariciar seus cabelos e que fizesse o mesmo com os meus, te falar do meu dia e ouvir o seu, ser afagado quando chorar e acolher teu choro na sua vez, que você me desse tua tristeza, pois tua alegria me faria sorrir, quem sabe uns filmes assistir, cozinhar junto a ti, contar as coisas da vida enquanto passo as roupas, ter tua companhia na hora de dormir, assim quando eu pensar besteira, logo seu bom senso me traz de volta ao aconchego dos teus braços, me lembrando que eu não preciso de mais nada pois tenho você aqui, passear pelos lugares que já vi mil vezes, mas agora brilham mais por tua presença, jogar xadrez só para se divertir, pois o xeque-mate você já deu em meu coração, prendeu o rei com seu charme.

    Um pouco mais erótico para lembrar que somos um casal, não apenas amigos que levam uma vida próxima, mas ajoelharia por ti meramente para te ver corar, beijar os seus lábios apenas para te agradar, talvez o corpo todo, os carinhos, as massagens, tudo pode mudar o propósito, saindo de um gesto pacificador para uma incitação à agitação, pois eu derreteria de segurar teu queixo para cima e dar-te um beijo, ou dormir de conchinha para te proteger da solidão, segurar sua mão e juntar nossos corpos. Mas não se deixe levar por onde minha boca te beija ou o que meu corpo faz junto ao teu, no fim, é tudo para te fazer feliz.

    Sonhador eu sou e isto é apenas um pequeno sonho, quando acordo, a dura realidade volta a me machucar como se eu merecesse, a me torturar e carnear, porque não há ninguém ali para me fazer um décimo deste texto, seria sortudo se alguém fizesse por mim metade, quem dirá sessenta por cento, mas só tu poderias dar a mim a esperança de ter cem por cento, que falta você faz, e eu nem sei quem é você.


Toinho Stark do Cangaço, 13/10/2024

(Sou apenas um sonhador)

(Sou um ser pensante em meu leito, enquanto tento descansar o dia, sonho com ter uma esposa, que me faria tão bem, descrevo que um sonho é verdadeiro e profundo quando você aproveitará mais a vida depois de realizá-lo, quando sabe do mundo de possibilidades que surgirão ao consegui-lo, é quando você percebe que vale a pena, quando depois de realizar o sonho é que a vida começa a ter sentido, enquanto que num sonho raso, o sentido se perde ao realizá-lo)

(Apenas queria acariciar seus cabelos e que fizesse o mesmo com os meus, te falar do meu dia e ouvir o seu, ser afagado quando chorar e acolher teu choro na sua vez, que você me desse tua tristeza, pois tua alegria me faria sorrir, quem sabe uns filmes assistir, cozinhar junto a ti, contar as coisas da vida enquanto passo as roupas, ter tua companhia na hora de dormir, assim quando eu pensar besteira, logo seu bom senso me traz de volta ao aconchego dos teus braços, me lembrando que eu não preciso de mais nada pois tenho você aqui, passear pelos lugares que já vi mil vezes, mas agora brilham mais por tua presença, jogar xadrez só para se divertir, pois o xeque-mate você já deu em meu coração, prendeu o rei com seu charme.)

(Um pouco mais erótico para lembrar que somos um casal, não apenas amigos que levam uma vida próxima, mas ajoelharia por ti meramente para te ver corar, beijar os seus lábios apenas para te agradar, talvez o corpo todo, os carinhos, as massagens, tudo pode mudar o propósito, saindo de um gesto pacificador para uma incitação à agitação, pois eu derreteria de segurar teu queixo alto e dar um beijo, ou dormir de conchinha para te proteger da solidão.)

(Mas não se deixe levar por onde minha boca te beija ou o que meu corpo faz junto ao teu, no fim, é tudo para te fazer feliz.)

(Sonhador eu sou e isto é apenas um pequeno sonho, quando acordo, a dura realidade volta a me machucar como se eu merecesse, a me torturar e carnear, porque não há ninguém ali para me fazer um décimo deste texto, seria sortudo se alguém fizesse por mim metade, quem dirá sessenta por cento, mas só tu poderias dar a mim a esperança de ter cem por cento, que falta você faz, e eu nem sei quem é você.)


sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Queria

    Queria ter o seu amor aqui comigo, ter teu cuidado e teu carinho, pois assim consigo ter teu colo como ninho, ter alguém que irei amar, acariciar os cabelos, também iria te cuidar, tirar seus medos ou contê-los. Queria estudar contigo, aprender mais sobre a vida, ser, também, seu amigo, até na hora da despedida, quero correr a mão por ti, para rires de se acabar, pois só de te ter aqui, já hei de feliz ficar. Quero te ver corar, nos problemas te ajudar, ver seu cabelo voar nos ventos do mar. Quero ser todo seu, e ter reciprocidade, dar todo o amor meu sem pedir por caridade.

   Ter você ao meu lado já deveria ser razão para sorrir, só quero ser afagado, não preciso de mais pedir, ao ver o teu sorriso já me sinto no paraíso, tua risada me agrada sem fazeres mais nada. Você poderia me socorrer quando mal eu estiver, melhor enfermeira a me atender seria a minha mulher. Que o tempo seja nosso, se divertir com o que quiseres, ajudarei como posso para muito feliz seres.

   Amor é tudo que necessito e você tem de sobra, quando nos teus olhos fito, meu coração se dobra, aquela que é tudo, amor, carinho e cuidado, que é sempre meu mundo, faço tudo de bom grado. Você é tão perfeita que não preciso de mais nada, mas não me faz a desfeita de me proibir ter vida, me deixas ter tempo para com meus amigos falar, sem ciúmes ou lamento porque sabes que podes confiar.

   Na vida só temos aquilo que na mente couber, todo o resto perdemos quando o coração parar de bater. Não queria ter dinheiro de sobra, nem o que ele pode comprar de fútil, pois, quando o relógio cobra, isto tudo é inútil, só nos pertence após a morte o que está na memória, todo o resto não nos serve, nem dinheiro, poder ou glória, tudo isto será perdido, pelos outros apossado, nosso é o que foi vivido, o resto vira passado.

   Vida, quem é você? Onde você se encontra? Onde posso te ver? Por favor, me conta. Tu que estás à disposição de fazer isso por mim, devolveria de montão, seria tão feliz assim. Poderias a luz trazer, não quero problemas para nós, quero poemas te dizer e cantar em uma só voz. Me disponho a te ajudar, muito amor te dar, de você também cuidar e ser um amor maior que o mar.


Toinho Stark do Cangaço, 11/10/2024, 19:45



(Queria ter amor na vida)

(Não queria dinheiro de sobra nem o que ele pode comprar de fútil, pois só pertence a nós depois da morte a nossa memória, todo o resto de nada nos serve, nem poder, nem glória, tudo isso se perde)

(Mas onde está você? Quem é você? Que está a disposição de fazer por mim e eu faria por ti, ser feliz assim, trazer luz para aqui, não quero trazer problemas para nenhum de nós, quero te dizer poemas e cantar em uma só voz)

terça-feira, 1 de outubro de 2024

Nem super, nem herói

   Não há nada de errado em gostar de super heróis, mas devemos sempre entender a ficção das coisas, existem pessoas com a expectativa de terem super heróis em sua vida, que lidariam com o impossível, e existem pessoas que querem ser super heróis, fazerem tudo sozinhas, sem ajuda, lobos solitários, como se tivessem super poderes, mas têm apenas orgulho.

   Quero ser apenas um cidadão, vivemos numa sociedade, não em um conto de heróis, devemos ajudar aos outros e aceitarmos ajuda das boas pessoas que podem nos ajudar. É orgulhoso e insensato querer resolver tudo sozinho, até antissocial, quando vivemos cercados de tantas pessoas que podemos ajudar e que podem nos ajudar, não faz sentido querer superar tudo sozinho, nem esperar o mesmo do outro.

   Ser parte da sociedade é entender que nossas ações em prol dela são por um bem maior, que dependemos de tantas pessoas sem nem perceber, mas o que seria da sua vida se o motorista de ônibus não trabalhasse? Se nenhum restaurante ou supermercado funcionasse, agricultor plantasse, médico diagnosticasse, bombeiro salvasse, provedor de Internet provesse, fabricante fabricasse, se de hoje em diante você tivesse que sobreviver apenas daquilo que você fez ou que a natureza causou, o que você teria? Provavelmente nada.

   Herói de verdade é o Chapolin Colorado, que não tem poderes, mas ajuda os outros mesmo ante suas debilidades, que responde a qualquer pedido de ajuda, que mesmo perante a insensatez dos outros, não se abate nem desiste, mas, no fim, todos também o ajudam a vencer o problema, mesmo que ele tenha dado o golpe final, pois isto é a sociedade, trabalho em conjunto, não orgulho e isolamento. 


Toinho Stark do Cangaço, 01/10/2024, 18:41

(Não quero ser herói)

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Devaneios

    Todas as vezes penso nos quase namoros que já passei, por mais que não namorei ninguém, conheci muitas mulheres que podia ter tido um relacionamento, me referirei a elas por codinomes, apenas para não revelar a identidade, começo por três que falavam comigo em 2018.

   Elas eram amigas, a primeira delas é a "Patricinha", nem lembro mais seu nome, mas ela era de velocidade e eu lento, nossos ritmos eram conflitantes, ela acabou achando um cara rápido que a acompanhava, ela queria tigres numa coleira de ouro, ele o seu corpo e eu amor verdadeiro, não sei o que aconteceu depois, mas do jeito que ele a desprezava pelas suas costas, não deve ter ido bem.

   Podem dizer que a segunda era a "Delegada", sempre querendo me isolar e me proibir de falar com as outras, era linda da pele morena, mas seu comportamento possessivo e restritivo sempre me incomodou, sempre quis mandar na minha vida e éramos meramente colegas, imagina se namorássemos? 

   Contar agora da terceira, a "Enjoada", só sabia criticar e botar defeitos em tudo que eu fazia, eu a chamava internamente de "Kasumi", por causa da tsundere do KanColle de mesmo nome, ela menosprezava tudo que eu fazia, como se nada fosse certo.

   Como nos separamos por sermos de cursos distintos, continuei falando com uma outra, a "Escondida", mas ela sempre agia como se fosse minha mãe ou se eu fosse um cachorro, me controlando, dizendo o que eu podia ou não fazer, até conversamos pacificamente, mas ela não me compreendia tanto quanto eu a compreendia, queria sempre agir como mãe reguladora e punitiva.

   Uma outra, que eu conheci já no pós-pandemia, foi a "Picolé", da qual guardo um pouco de rancor ainda, a psicopata que se fazia de amiga para extrair fraquezas dos outros e depois usar contra eles, fofocar, falar mal, mentir e difamar. Prometia tudo, mas não era nada, fingia inocência para conseguir o que queria, sonsa, mas sabia usar as garras.

   Experiência aleatória foi quando duas mulheres que eu comecei a conversar no ônibus estavam indo para o mesmo destino que eu, até cheguei a dar meu telefone, mas nem sei se elas realmente se importaram, não ligaram, também não ligo, nem merecem um apelido.

   Você pode dizer que a primeira experiência positiva foi com a "Condessa", quem me deu e tirou a esperança de amar em menos de um ano, ela tem conserto, mas depende só dela, sua imaturidade a fez me tratar como um pet, que obedece às suas ordens, e como um pai, que lhe banca mimos e presentes sem fazer nada por mim ou por merecer. Mas ela tem uma alma pura e parece fazer isso por imaturidade, age como se tivesse 8 anos de idade, mas tem 24.

   Não posso me esquecer da "Engenheira do Hawaii", uma mulher que conversamos por dois dias, mas fluiu como um rio, nos damos muito bem, mas meus pais são contra ela, talvez eles tenham razão, talvez o jeito parcialmente irritado dela, às vezes perdendo o controle, seja um problema, talvez ela se fazer de coitada e burra, mesmo não sendo, se manteve em relacionamentos tóxicos e aturou muito mais do que devia, mas diz ser brava e vingativa, quase enfiou um garfo em mim por brincadeira.

   Acha que acabou? Tem a "Princesa do Agreste", uma caruaruense que conheço desde menino, não sei dizer o que se passa em sua cabeça, pouco a vejo, mas ela não deixa de ser uma mulher que conheço e que até foi uma possibilidade, mas não evoluiu, mal tinha como, nenhum de nós queria um relacionamento à distância.

   Que eu lembre, também teve a "Deusa Pernambucana", uma mulher que conheci no hospital em Setembro ou Outubro de 2019, não tenho certeza, estava mal com uma gripe forte, essa foi erro meu, devia ter pego seu contato, nem eu, nem minha mãe, ambos lá falando com ela, lembramos de pedir, mas a culpa majoritária foi minha, ela era calma e estava na enfermaria ao meu lado, parecia tão gentil e fofa, mas agora é tarde.

   Conta como experiência, muito aprendi, principalmente quem evitar, tantas pessoas ruins e boas que passaram aqui, fazem parte da vida, agradeço não ter me precipitado, pois muitas dessas seriam problemas para mim, mas aprendi a não rescindir no erro.


Toinho Stark do Cangaço, 24/09/2024


(Todas elas podem contar como uma experiência, você não acha que conta?)

domingo, 22 de setembro de 2024

O remédio que falta

   Entre tantas coisas em minha vida, lembro da difícil luta para respirar, para dormir, o inferno que foi do meu nascimento aos 15 anos de idade, espirrar, corizar, coçar os olhos, as duas narinas entupidas, nem podia beber água direito, nada tinha o gosto certo, isso quando tinha algum, mal conseguia pegar no sono, quando pegava, acordava sufocado no meio da noite. Era uma luta, eu implorava para morrer, mas uma glória me salvava, na verdade, uma Helena.

   Afagar suas mãos em minha cabeça me tirava de tempo, mesmo que não tirasse os sintomas, era como mágica, a dor de cabeça sumia, o corpo deixava de euforia e, enquanto o catarro escorria, o meu corpo aquecia, a mente me adormecia, só assim eu dormia. Quando estava triste, seu ombro de mãe me acolhia, quando não ela, era minha tia, que foi afagar os anjos em 2020, cuidar de tantos que precisavam dela no outro lado, deixando aqui minha mãe para me cuidar, pena que muitos também precisam.

   E assim, há muito minha mãe não afaga minha cabeça, eu cresci, mas esta abstinência ficou, uma doce e leve mão feminina que tinha magia em seu toque, pois um amor puro e verdadeiro pode vencer as mais difíceis batalhas. Hoje a rinite não é tão forte, mas a solidão sim, me falta mais que só uma mão. A mesma mão que batia quando errava, acariciava quando precisava, hoje não tenho nenhum, os tapas que eu levava nem machucavam perto do carinho que eu recebia, eram como um pedágio para ficar no paraíso.

   Afogar minha dor neste sentimento é o que mais preciso, não consigo chorar em seu ombro sendo um homem crescido, não recebo mais seu carinho, não tens tempo nem para si, falando em tempo, infelizmente o de sua irmã e maior ajudante acabou, o que te sobrecarregou quando mais precisavas de descanso, não quero ser mais um fardo para ti, por isso te ajudo. Mas sou humano também, todos merecem amor e carinho, mas tal qual comida, nem todos têm.


Toinho Stark do Cangaço, 20/09/2024

sábado, 7 de setembro de 2024

O que seus olhos não veem, meu coração sente

    Salve para depois as palavras ao vento que não resolvem problemas, agora a pauta é sobre um problema que me corrói como ácido, machucando e remoendo até que não sobre nada. Meu coração dói, nem sei se é infarto ou tristeza, mas os dois podem me matar.

    O que me sufoca todas as noites é essa tristeza, sou muito carente, mas também tenho minhas preocupações, meus medos, meus problemas, todo um lado que não conto a ninguém, ou conto pouco para algumas pessoas que confio, mas esta é só a ponta do iceberg, não quero me tornar o terrível amigo/filho que só fala de problemas e preocupação, mesmo que, se eu fosse falar de minha vida diária, isto estaria em todas as páginas.

    Corpo dolorido, doenças, quedas, condições de saúde, isto dói, machuca e até me tira um pouco a esperança de ter uma boa vida, mas isto eu aguento, luto contra, é só acreditar que a dor não está lá, ela continua doendo, mas eu ignoro, dá para ignorar, é só um sinal elétrico passando pelo meu corpo até o cérebro avisando que algo está errado, mas e daí? Posso ignorar qualquer aviso.

    Onde eu me encontro agora é em que eu sou o maior perigo para mim mesmo, não aguento mais as noites em claro, a solidão, a insônia que a agrava, os medos de não conseguir algo, a falta de momentos bons, a falta de o quê comemorar, só vejo motivos para ficar ainda mais triste, estou ali em meu leito, sem ninguém, sem nada, sem sono, porém cansado, de tudo que passo e do nada que me cerca, não tenho ninguém para me acalmar ali, mas é quando estou mais tenso, é nesse momento que não tenho amigos, família, amor, nada, só eu e meus pensamentos no escuro e vazio do quarto.

    Reside ali um monte de gatilhos, mas ninguém para me desarmar, você não me vê chorar todos os dias na cama antes de dormir, sentir que o tempo está passando e eu continuo parado, sem conseguir nada, sem avançar um passo, de novo nessa câmara de tortura que é este quarto vazio, quarto que muitas vezes já fui trancado dentro pela minha mãe e agora me tranco por espontânea vontade, são tantas memórias ruins, agravadas pela solidão e o silêncio, que fazem barulho em minha alma.

    Rancor cresce a cada dia, por que passo por tal alforria? Quando tu mostras a tua alegria e as coisas boas da tua vida para alguém que está triste e sofrendo, estás torturando esta pessoa, é como mostrar o quão bem você come para uma pessoa que passa fome ou o quão bonita é a tua casa para um sem teto. Como você quer que eu não sofra? Se você me lembra todos os dias do que eu não tenho, me mostrando com um sorriso o que te faz bem e que não tenho aqui para me fazer bem. Mãe, pai e vocês tantos outros que me fazem isso, por quê? Me dizer que não tem que ser assim não muda como as coisas são e estão.

    Obscuro é o que eu sinto, pior ainda são os momentos em que estou só, à noite, sem ninguém ao meu lado, são estes momentos que você não vê, estas horas incessantes que eu estou martirizado por tudo, sem a proteção de um amigo, um amor, da minha família, onde está você agora? Está bem e aconchegado num amor, numa diversão, na sua felicidade, com seus amigos, por isso acha que eu também deveria me sentir assim, porém você tem motivos para tal, eu não. São nessas noites estressantes, desconfortáveis, tristes, indignantes e cruéis que eu mais sofro, isso acontece todas as noites, que eu me irrito, indigno-me, penso em me matar, não tem ninguém aqui para me dar suporte ou me acalmar, é isso que seus olhos não veem, mas meu coração sente. Uma dessas noites, se isso persistir, eu tenho certeza que vou enfiar algo no meu pescoço ou me sufocar até a morte, se agora já não aguento mais, imagine no futuro? O que você vai fazer mediante isso? Me dar mais motivos para me matar agora? Me culpar? Me atacar? Me dizer que eu estou errado? A escolha é sua, mas as consequências também são de sua culpa.


Observação do escritor: Este texto é exagerado parcialmente para passar melhor o sentimento e tem um teor mais dramático para que haja melhor compreensão da frustração, indignação e irritação minha mediante os sentimentos que tenho e não posso controlar ou nulificar.

    Eu continuo sofrendo para fazer minha mãe feliz porque ela diz que eu sou a única razão de sua felicidade, mas quem me faz feliz? E quem me fará feliz quando o tempo dela na terra acabar?


Toinho Stark do Cangaço, 02-08/09/2024


(Você não me vê chorar todos os dias na cama antes de dormir, sentir que o tempo está passando e eu continuo parado, sem conseguir nada, sem avançar um passo)

(Meu coração dói e nem sei se é infarto ou tristeza, os dois podem me matar)

(Quando mostras a tua alegria e as coisas boas da tua vida para alguém que está triste e sofrendo, estás torturando a pessoa, assim como mostrar o quão bem você come para uma pessoa que passa fome ou o quão bonita é a tua casa para um sem teto)

(Os piores são os momentos em que eu estou só, à noite, sem ninguém ao meu lado, são estes momentos que você não vê, estas horas incessantes que eu estou martirizado por tudo, sem a proteção de um amigo, um amor, da minha família, onde está você agora? Está bem e aconchegado num amor, numa diversão, na sua felicidade, com seus amigos, por isso acha que eu também deveria me sentir assim, porém você tem motivos para tal, eu não. São nessas noites estressantes, desconfortáveis, tristes, indignantes e cruéis que eu mais sofro, isso acontece todas as noites, que eu me irrito, indigno-me, penso em me matar, não tem ninguém aqui para me dar suporte ou me acalmar, é isso que seus olhos não veem, mas meu coração sente. Uma dessas noites, se isso persistir, eu tenho certeza que vou enfiar algo no meu pescoço ou me sufocar até a morte, se agora já não aguento mais, imagine no futuro?)

(Salve O Corpo Onde Reside Rancor Obscuro)

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Meu simbólico fim

    Muitas coisas mudaram desde uns tempos atrás, aquele menino sorridente, que não podia esconder um sorriso para uma foto, que brincava com seus carrinhos na sala de estar, onde é que ele está? Cadê teu sorriso? O menino de dez anos que já sonhava em se casar com uma mulher quando crescesse, ou que olhava atentamente as setas brancas nos pneus dos ônibus da Viação Mirim como se fossem ouro puro, agora não vê valor em nada, nem no que é mais valioso para a alma. Onde está aquele garoto que fitava as rodas de um caminhão girando como se hipnotizasse? Ou que se alegrava com o som das suspensões de um carro passando por uma lombada? Que estudava achando que algo seria no futuro se soubesse de tudo? Que sonhava em ter uma casa pequena com um terreno gigante? Que tinha sonhos?

    Ocorrências futuras mudaram bastante o meu jeito de ser, eu que atuava histórias que criava enquanto deitado na cama, perdi aquela vontade de me imergir na ficção, talvez porque a dura realidade quis que eu acordasse, praguejado por abusos, dos pais, dos professores, dos colegas de classe e dos amigos, por doenças e condições de saúde, pelo suicídio de amigos próximos, pela morte natural de pessoas importantes para mim, pela falta de amor e sobra de ódio.

    Ruins foram estes momentos, mas me ensinaram muito, hoje tenho uma facilidade incrível de desapegar de alguém, uma vez que passou o luto da despedida, esta pessoa nunca sequer existiu, é um personagem ficcional, faz parte de uma história qualquer. Aprendi também a prever as atitudes alheias, assim posso agir melhor quando elas acontecerem, não quero errar em algo trivial, muito menos de novo. Aprendi que quando você ignora algo, esquece disso, da mesma forma, é esquecido por isso, talvez por isso esqueço de tudo que não resolvo imediatamente, porque ignorar é esquecer e ser esquecido.

    Trouxeram a tona tantos sentimentos e tantas mudanças que não sou mais a mesma pessoa que eu era há dez anos atrás, não tenho as mesmas ideias, ambições, companhias, mesmos objetivos, mesmo sorriso, por isso, não quero mais ser chamado pelo meu nome de batismo, este homem com tal nome morreu, não sei quando, nem a causa, mas quem está aqui é uma pessoa que se passa por ele, responde por seu nome, mas, no fundo, não tem mais quase nada dele.

    Emancipação desta pessoa é o que aconteceu, o homem que vos escreve não sonha em morar nos Estados Unidos, não assiste mais novelas, não agride alguém que o assediar, não quer dinheiro sobrando, não joga por gostar, não cria estórias para atuar, não confia mais nas pessoas, não cheira fumaça de óleo diesel por gostar, não fica tomando vento frio com chuva no braço do sofá, não corre pela casa fingindo estar numa guerra, agora, a vida que é uma guerra, por isso, não sou mais eu, não sou mais nada.


Toinho Stark do Cangaço, 21/08/2024, 19:08 - 23:27



(Por isso, não quero mais ser chamado pelo meu nome de batismo, este homem com tal nome morreu)

(Muitas Ocorrências Ruins Trouxeram Emancipação)



domingo, 18 de agosto de 2024

Mente em caminhada

     A luz entra pela janela, talvez são 7 da manhã, vitamina de banana, descer a escada de novo, tenho que correr, banho, não esquece de tirar a roupa, fechei a porta? Estou mesmo acordado? 7:43, Colocar as roupas, Bom Dia Pernambuco, sim, essa é minha cara mesmo, para de falar como se eu tivesse outra. Trocar os cadernos, Fernando morreu, sapato, esqueci algo? Óculos, VEM, carteira, celular, nenhuma mensagem, só o pessoal do Banco, rua, sem chuva, nem lembro que aula é hoje.

    Vida Corrida uma ova, correr atrás do metrô 21, olha o pessoal da feira ainda se preparando, Mascarello GranVia 2019, R$ 32,40, preciso tirar minha carteira de estudante e carregar o VEM, vendedores ambulantes, metrô quebrado de novo, Carlos Batata, moça, essa porta está quebrada, ônibus atrasado, pedinte profissional, pessoas cheirando cola, ônibus 2347, Caio Millennium V, O500R, Euro 6, prevejo trânsito.

    Corre para o meio do ônibus, um navio afunda, é como meu coração, não devo pensar muito, senão sofrerei, Capitão Temudo, Agamenon Magalhães, HOPE e Esperança lado a lado, as únicas da minha vida, um cego que vê o mundo melhor que eu, elevatória de esgoto, Henrique Dias, Carlos de Lima Cavalcanti, Derby, Benfica, K12, 8:56, só um pouco atrasado, esse professor também atrasa, nada, preciso de amor na vida, Bernoulli, ninguém se importa, 736 watts são 1 cavalo, queria o colo de uma amada, V = R*I, Ariano Suassuna tinha razão, a resistência pode ser desprezada, tal qual eu sou todos os dias, indutância de 0,36Ω, sou uma máquina de calcular, só que mais lento e erro às vezes.

    Enquanto isso, na sala da justiça, 10:31, está quente, frio coração, ligar para minha mãe, quero correr para casa, não é como se tivesse algo bom lá, mas quero a adrenalina de correr, ônibus 1149, Marcopolo Torino 2014, será que preciso fazer sinal? Lembra que ainda é "bom dia", nem sei qual será o almoço, sem fome, Djavan, Linha do Equador, Sina, Se..., estação Joana Bezerra, metrô 06, maldito, Кино, Группа Крови, Невесёлая Песня, Звезда, Кукушка, chegando, Ágata, abrir o portão, 12:27, almoçar, computador.

    Eu nem lembro direito o que era para fazer, comissões do Azur Lane, 松原 みき, 真夜中のドア, It's so creamy, -CUPID-, ニートな午後3時, biscoitos, 16:02, passar as roupas, Pachelbel, Vivaldi, Tchaikovsky, Grieg, Satie, Pavarotti, Mozart, Bocelli, queria que tivesse tocado a Valsa das Flores do Tchaikovsky ou a Segunda Valsa do Shostakovich, propaganda, raiva, jogar como se fosse um trabalho pois não me diverte mais, 21:32, entrar em chamada de voz com o Ale, fechar a porta e a janela, eu estou aqui, mas minha mente não, finjo um riso, ninguém nem sabe.

    Paro e penso um pouco, reflito, mas isso machuca, Pablo do Arrocha, é hora de ir à cama, quem dera pudesse só fechar os olhos e dormir, por que eu disse aquilo? Queria tanto ter dito essas coisas, esqueci até de agradecer, tive uma ideia, falar com os outros cansa, eu definitivamente não devia ter falado isso, eles me odeiam agora, não é? Ninguém precisa me sabotar, já faço isso sozinho, queria morrer, o relógio aproxima-se do seu fim de curso, meu fim, começo.


Toinho Stark do Cangaço, 19/08/2024, 00:00 - 01:55




(A vida corre, enquanto eu paro)

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Um pouco à esquerda

     Não é algo intuitivo, mas tenho descoberto muitas coisas sobre mim, coisas que já sabia, mas negava, fingia que não existia ou só fugia, a desta pauta é sobre eu ser ambidestro, inclusive, este texto está sendo escrito com minha mão esquerda neste caderno, mais por capricho meu mesmo.

    Sou o tipo de pessoa que sempre se considerou destro, mas eu sabia desde criança que minha letra com a mão direita e com a esquerda eram iguais, igualmente ruins, isto é, mas eu fui doutrinado a escrever com a mão direita. Queria ser perfeitinho, então só seguia o que os outros diziam ser certo, a não ser que tivesse convicção do contrário, logo, apenas escrevi com a mão direita desde então.

    Quem melhor que o destino para mudar as coisas? Um dia, quis escrever uma filosofia no caderno que dizia algo como: "Somente porque algo está sendo feito do jeito errado, não significa que está errado". Porém, para passar melhor esta mensagem, decidi por escrevê-la com a mão esquerda, na época já me convencia ser destro por mais de uma década, achava que ficaria horrível, então me surpreendi, saiu legível, ainda assim, neguei. Anos depois recomecei e hoje aceito quem sou, há dois meses pratico uma vez por semana, quando lembro.

    Pareço louco falando isso, talvez eu seja mesmo, mas isso se aplica a outras coisas também, que me engano e continuo fingindo e agindo como se fosse de um jeito, mas, no fundo, uma força luta para se libertar das amarras do medo.

    Ser o que sou é apenas um pedaço, o que eu deixo verem, mas a dona liberdade dentro de mim confronta o senhor medo, não sei se ganhará, quem sabe ela também escreverá com a mão esquerda.


Toinho Stark do Cangaço, 30/07-02/08/2024







Escrita a fio

    Encontrei na escrita o refúgio que preciso, uma pequena cabana de folhas na selva que é a vida, não é bom, saudável nem suficiente, mas é o único que tenho. Aqui as palavras saem com força, como o pulsar do sangue numa artéria, saem com o gatilho do sofrimento, que rasga-a, permitindo-o jorrar, derramar sobre o papel os sentimentos.

    Uma das razões para que eu escreva é como mecanismo de enfrentamento, sentimentos que eu nem entendo, tudo sob a suposta alegação de me fazer sentir melhor, diria que a sensação é como expelir algo que te faz mal do corpo, é ruim, mas seria pior se ficasse dentro de mim.

    Navalha de palavras, é como descrevo meus textos mais cruéis, partir o seu coração só para que sintas por um tempo o que sinto a vida toda. Nem sempre é tão direto, nem sempre é o que sinto, às vezes é o que quero sentir, às vezes empatia, às vezes estou tão destruído que só quero demonstrar em outro personagem os mesmos sentimentos que tenho.

    Afiada como lança, minha mão rasga o papel em busca de sentido em tudo que passo, cada mágoa é um potencial texto, uma bateria pronta para ser descarregada, um ônibus lotado chegando ao Terminal Integrado do Papel, onde as linhas do caderno se integram com o trem de ideias, são sentimentos passageiros num bilhete único.

    Para mim, a escrita é o auto-flagelo que me tira destes sentimentos ruins, é como descontar a dor, é o fruto de tudo isso, tentação de uma cobra, o punho de Viktor Tsoi que acende a pólvora, o pulso com mais linhas do que deveria, o cigarro, a bebida, o escape da realidade.

    Me vejo no espelho com olhos de quem já desistiu há anos, quando estou sem esperanças, escrevo como se fizesse diferença, quando a vida me machuca, machuco o caderno com o lápis, quando me sinto só, crio companhia na ilusão ou crio outro solitário para me identificar. Às vezes quero assistir a um drama cruel, só para chorar as mágoas que sinto, quando cansei de chorar meu sofrimento, quero rasgar meu coração com empatia.

    Cortar os laços com a solidão faria-me tão bem, mas talvez cortaria também meus laços com o papel, não que a vida deixaria de ter problemas, na verdade, novos problemas surgiriam, mas eu teria motivos para seguir em frente e uma mão amiga nos momentos difíceis, ou seja, a dor não doeria.


Toinho Stark do Cangaço, 10/08/2024, 20:26

Nota do autor: A ociosidade que eu poderia estar aproveitando na companhia de alguém que me ama, utilizo para escrever este texto e muitos outros, pois há ausência da mesma, desta forma creio que não mais escreveria se tivesse amor na vida, ou talvez reduziria bastante, mudando para uma leitura mais leve. (Adicionada dia 10/08/2024 às 20:31)


(Encontrei uma navalha afiada para me cortar)

terça-feira, 30 de julho de 2024

Os olhos da ilusão: Sinopse

-Descrição do cenário:

    Em uma situação fictícia, em 2024, as tensões entre Palestina e Israel se converteram em uma guerra de proporções globais, vários países usaram o local para testar seus exércitos e convenceram seus aliados a fazerem o mesmo, assim como na Guerra Fria, os países se tornaram marionetes para testar as armas de superpotências, com o apoio de seus aliados, que apenas esperavam um conflito qualquer como álibi. 

-Sinopse:

     Estava tão ansioso por este dia, meu alistamento no serviço militar, com a escalada na guerra entre Palestina e Israel e minha maioridade neste 2024, finalmente posso me alistar, por anos sonhei com o dia de hoje.

    Desde quando as proporções da guerra se tornaram globais, vi a chance de realizar meu sonho de lutar, servir ao meu país. Via com brilho nos olhos as propagandas do exército, os jogos de guerra, filmes épicos de protagonistas que derrotavam exércitos inteiros sozinhos, os policiais de forças especiais, os guerreiros lendários da história, como Alvin York, Simo Häyhä, Adrian de Viart, os soldados russos em Osowiec, os soldados belgas contra a Alemanha na Segunda Guerra Mundial ou a defesa de Belgrado.

    Alistei-me ao fim do ano no 7º Depósito de Suprimentos e fui aos treinamentos logo em 2025, foram dias complicados, era intenso e cruel, tinha fome, longas horas acordado, patrulhas e caminhadas sem fim, mas não me deixei abalar, segui firme meu sonho, alguns irmãos de armas eram contra ir à guerra, achava que lhes faltava o espírito de um soldado. Neste período nos tornamos um time, somos imbatíveis, somos parte do 10º Esquadrão de Infantaria Motorizada, passamos pelas maiores dificuldades juntos até agora, é um pelotão de 35 homens, eu, João Albuquerque, João Felipe, Antônio Marcos, Antônio Ferreira, Amaral Correia, Pedro de Nóbrega, Pedro Henrique, Paulo Fragoso, Carlos de Brito, Carlos Pinto Filho, Marcelo Gomes, Henrique de Almeida Neto, Lucas Alcântara, Lucas Correia, Lucas Macedo, Joaquim de Goes, Renan Alves, Altair José, Victor Fragoso, Vitor Aldeia, Simão Dutra, Saviano Ferreira, Robson Filho, Emanuel da Costa, João Fragoso, Bruno Costa Filho, Daniel Fragoso, Fernando Brito, Gustavo de Borges, Gabriel de Almeida, Mateus Barros, Osvaldo Salgado, Davi Pereira e Fausto Bezerra.

    Fomos enviados num KC-390, saindo da Base Aérea do Galeão com várias escalas, uma em Recife, depois em Cabo Verde e outra em Lisboa, onde passamos a noite, de lá íamos para a base israelense. Tinha uma caixa barulhenta conectada ao avião quando embarcamos, tudo era tão rústico, vários fios expostos por dentro, umas coisas que pareciam bolsas infladas no teto, quase não tinha janelas. O primeiro sargento nos passava as informações, são três tripulantes na cabine e o load master conosco. Eu estava sentado na parte do meio, afivelado pelo cinto, os assentos eram estranhos mas nada fora do comum, eram um tecido esticado entre duas barras metálicas, mesma coisa o encosto. Meu coração pulava de alegria e ansiedade, o load master ajudava os outros colegas enquanto me concentrava em minha missão, enquanto Victor Fragoso passava mal, eu só pensava na guerra, o quão bom seria.

    Chegamos lá no que chamamos de "beligerância", é o estado de guerra, fomos a uma tenda de campanha bem improvisada ao lado do aeroporto, haviam muitos paisanos de vários tipos, além de vários militares americanos, israelenses, alemães, britânicos e franceses, muitos sacos de corpos esperando transporte, tinha uma sensação estranha, mas era isso que eu queria, estes civis mal sabem o que estão perdendo, poderiam muito bem pegar em armas e vir lutar junto a nós. Logo me desloquei para os planos, o sargento passava no mapa o que deveríamos fazer, ele até nos ensinou como cortar um mapa de papel para dobrar e ver só os quadrantes importantes por vez ao invés de abri-lo por completo.

    Definida nossa primeira operação, fomos invadir uma região tomada por soldados palestinos, assumimos nossas posições e rapidamente tomamos o controle, ali matei o primeiro inimigo de muitos que pretendia, ele estava longe, era estranho, mas foi instintivo, nem me dei conta do que estava fazendo. Servição, todos saíram bem, todos os inimigos neutralizados, Brasil! Era só isso que importava. Em nossa segunda operação, as coisas não correram tão bem, logo nos surpreenderam no local, não esperávamos que teriam inimigos nos flancos, apenas no posto de controle, nisso Lucas Alcântara foi atingido, levamos para o hospital de campanha para se recuperar, mas isto me subiu uma sensação estranha, e se eu for atingido? O que acontecerá comigo? Não sei, mas vou lutar para que isso não aconteça.

    Agora temos uma missão um pouco mais difícil, nosso pelotão e o 26º estão prontos para tomar um ponto crucial palestino, eles são traiçoeiros e disparam contra nós a esmo, sem cuidado com nada, atingindo tudo ao redor com metralhadoras pesadas e fuzis. Por que eles não precisam seguir as regras e nós precisamos? Numa destas rajadas, Henrique foi atingido, tinha um sangramento intenso, me desesperei um pouco, tentei fazer os primeiros socorros, mas logo ele parou de agonizar, vi em seus olhos, suas pupilas dilataram, não acreditei no que via, ele morreu diante de mim, como pode? Por quê? Isso é inaceitável, é impossível, nós somos um time, ele não pode morrer, mas, ele está aqui, morto. Isto me abalou bastante, não sei o que dizer, achei que ninguém morreria.

    Mais um serviço e minha cabeça está um pouco distante, passo por uma cidade em ruinas, mas ela está cheia de paisanos, o que eles estão fazendo aqui? Será que eles também querem lutar? Então meus olhos viram rapidamente para um senhor que aparenta estar na casa dos 50, ele carrega uma sacola de pão pita enquanto está saindo de um prédio em ruínas, aquele prédio era uma padaria, ao menos é o que a placa parece dizer segundo nosso tradutor, logo depois emerge uma senhora com sua filha, que aparenta estar na casa dos 5 anos, saindo de lá com umas sacolas de papel improvisadas, eles estão simplesmente vivendo? Era para esta cidade estar vazia, se não está aqui para lutar, o que fazem? Meu tradutor conversa com os civis e eles respondem que aqui é onde eles sempre viveram, não têm para onde ir. Uma senhora fala de suas memórias da infância, de como costumava brincar num lugar que, quando ela aponta, agora é só escombros, ali era um parquinho, me aponta a escola que ela estudou, que agora é um hospital improvisado, aos poucos esta patrulha na cidade me faz perceber que aqui é um lugar como qualquer outro, lembro-me de minha casa em Jordão Baixo, de como as coisas se repetem da minha rotina lá e da rotina do povo daqui, em minha cabeça só passa uma réplica deste cenário, imagine se a escola Professora Luziana Maria Pereira estivesse assim? Ou a panificadora Vale do Jordão destruída e eu tendo que comprar pão lá? E o campo do Flamengo, onde eu ia com os meninos jogar bola, imagine-o todo destruído. Este sentimento me faz pensar em tudo que está acontecendo, estas pessoas não merecem estar assim, por que elas estão assim?

    Em mais um serviço, tive que resgatar uma criança de 3 anos que foi atingida na perna, sua mãe que a acompanhava acabou sendo atingida e não resistiu, meu colega João Felipe foi atingido por estilhaços de uma granada e agora está fora de combate, onde é que eu vim parar? Não era isso que eu imaginava quando quis vir para a guerra, às vezes acho que a única saída deste lugar é a morte, somente eles estão em paz agora, todos os vivos estão numa batalha dia após dia. Muitos de meus colegas estão feridos, alguns não resistiram aos combates diários, outros estão traumatizados, Emanuel está olhando para o infinito, sem esboçar qualquer reação, ontem Gabriel foi abatido por um sniper, vejo do lado de lá do combate o que eles chamam de "Tulipa Negra" levando os corpos dos nossos inimigos de origem eslava, depois de caídos, todos parecem iguais, só muda a vestimenta.

    Eu queria que esta guerra acabasse, não acredito no que vejo e sinto, não há o que fazer mais aqui, o que está acontecendo com estes humanos que estão sofrendo enquanto jogamos um jogo de xadrez, usando suas ruas e casas como tabuleiro? Não era isso que eu queria, os pobres paisanos tentando viver e nós aqui, armados, lutando sabe-se lá o porquê. Acabou a esperança de glória, não há o que vencer aqui, no fim, todos os humanos sairão perdendo, hoje vejo que aqui é o inferno, que não há justiça, não há lado certo ou errado, tantos lutando aqui porque não têm outra opção, para proteger sua família ou se proteger e eu achando que viria aqui para jogar um jogo, me divertir, francamente, não sei quem eu era, não sei quem eu sou, mas isto é algo que não desejo para ninguém. Agora finalmente abri os olhos, posso ver aqui o que nunca me mostraram, a verdade.


Toinho Stark do Cangaço, 14-30/07/2024

(Nota: Qualquer nome destes personagens é mera coincidência com alguma pessoa real)


Preto e branco

     Uma vida tão monótona como luz e escuridão, enquanto estou em casa, a monotonia escurece meu coração, esta é a cor da solidão, quando saio, então há luz, que clareia meus caminhos até pelas noites, a luz da liberdade, porém o custo desta é alto, agora a solidão machuca mais, pois os outros são um exemplo de como minha vida poderia ser melhor, de quanto sou só e estou só, como se fosse castigo, destes que não desejo a ninguém.

    Como se fosse martírio, minha diversão é ofuscada pelas lembranças da realidade, de tal forma que só sinto felicidade se mentir para mim mesmo, se fingir que as coisas são diferentes, assim sobrevivo para amanhã me sentir só novamente.

    A solidão, como lança, perfura meu pungente calado coração, questiona-me como um bispo atacado por um peão enquanto ameaça um cavalo. Devo eu me sacrificar ou fugir? Me pergunto todos os dias, mas preciso da decisão, só passa o turno quando eu fizer algo.

    Esta floresta escura é pior que as do Mikhail Tal, não sei o que fazer, mas sinto que tomarei mate forçado nos próximos lances, talvez afogamento, só sei que este rei está cercado de problemas e sem a coragem do Ivanchuk.

Xeque-mate


Toinho Stark do Cangaço, 01/02/2023

domingo, 28 de julho de 2024

Rocha no mar britada pela água

     Como um quebra-mar, mantenho-me suportando os problemas que são atirados contra mim, num choque violento, ainda assim aguento, mas por quanto tempo?

    A solidão é vagalhão, que me atinge violentamente, arrancando os pedaços de rocha e os atirando ao mar, sou britado por estes sentimentos, sou proteção determinada, forjo aqui o ferro da espada que me fere, aguento à dor como se tivesse sentido, como se fosse lógico, mesmo sem propósito, fico lá, à espera de cumprir meu dever, imóvel, impávido. 

    Mas, como é de senso comum, a água, pouco a pouco, mina a rocha, sinto que estou colapsando, mal aguento meu próprio peso, imagine estas ondas. Pior, sei que mais um vagalhão se aproxima, gigante como sempre, se ninguém reparar estes danos em mim, eu irei ruir.


Toinho Stark do Cangaço, 07/12/2022

domingo, 14 de julho de 2024

Compreensão

     Penso aqui neste metrô de número 17 o quão difícil é compreender o outro, são pessoas de várias idades, vários gostos, medos e segredos, não posso nem imaginar o que cada um já passou. Irônico notar que o metrô anda mais rápido durante o dia, tal qual as pessoas ficam mais lentas e fatigadas à noite. O mesmo cheiro de sapata queimada me faz lembrar de quantas ideias passam por aqui, quantas vezes é a primeira vez que vejo alguém, quantas a última.

    Logo vejo a dificuldade de entender, tantos milênios de conhecimento estão reunidos num mero vagão da Santa Matilde, imagine no mundo. Cada um tendo um ponto de vista da mesma coisa, cada julgamento e preconceito que todos têm perante os outros. Me lembra da escola, cada um com seus julgamentos e suas humilhações, ainda quando por brincadeira, se pautavam nas inseguranças da pessoa para tal, o medo de expor a verdade ou de acreditarem na mentira era combustível da preocupação. Somos forjados a esconder nossas inseguranças, cada pessoa por um martelo, isso explica o comportamento de cada pessoa, os que se protegem do mal se fechando, se abrindo, se tornando ignorante, causando o mau a si ou ao outro, semeando o bem, escrevendo, desenhando ou compondo.

    Não é fácil entender o sentimento alheio, tentar respeitar a todos é uma tarefa digna de um TCC, ser respeitado por todos é utopia. As palavras não têm significado, por mais que você diga o contrário, eu tenho amigos que posso xingar à vontade, rimos juntos e nenhuma hostilidade, mas posso ofender alguém somente elogiando, isto que nem entrei no mérito de línguas diferentes. As palavras significam apenas o que queremos que elas signifiquem, porém cada pessoa tem seu próprio querer, será que falamos mesmo a mesma língua?

    Existo em um cenário distinto, enquanto muitos se veem como protagonista, eu me via como um NPC, sempre achando que nada era para mim e que deveria seguir a vontade alheia, só dedicando a mim os tempos de solidão, que nem meu mais são, busquei tanto compreender e agradar a todos que esqueci de mim, até o ponto da exaustão, quando o egoísmo tomava conta de mim, mas rapidamente tudo voltava ao normal. Agora só quero para mim o amor, será que um dia terei?


Toinho Stark do Cangaço, manhã do dia 12/06/2024

sábado, 13 de julho de 2024

O doce passado

     Queria voltar aos bons momentos eternizados em minha memória, quando minha preocupação era que Junho tinha 30 dias, queria voltar a abraçar minha tia, que me criou quase como mãe, que Deus a tenha, meus avós, meus tios, que um dia me trouxeram tanta alegria, na época eu não sabia, se soubesse, mais atenção daria, o tempo que me deram não volta mais, depois de tudo que fizeram, agora descansam em paz.

    Saudades de quando eu chorava de birra e não de tristeza, de conseguir a proeza de achar sempre esperança, a espera de uma bonança que talvez nunca chegará. Enquanto míngua meu desejo e alegria de viver, minha expectativa de vida minha esperança. 

    O passado era doce, eu tinha tempo, um pouco de amor e carinho, e, mesmo que pouco, era melhor que nada, eu tinha asas mas não tinha liberdade, hoje sou livre, mas minhas asas enferrujadas não têm força de me levantar do chão, me rastejo até minha liberdade, que nada me vale pois dela não posso gozar.

    Não que o passado seja bonito, mas nem 15 anos implorando pelo doce alívio da morte, para que eu parasse de ser torturado pelas alergias, sinusite, rinite e mais, meu refluxo que me limitava e me fazia passar mal todos os anos, o bullying que eu sofria, até mesmo de professora e diretor de um colégio, os castigos abusivos só pela minha hiperatividade, ser trancado no quarto, humilhado, ter ficado doente de algo, que nem os médicos sabiam o que era, por meses ao ponto de ficar extremamente magro, cair o cabelo e eu quase morrer, se bem que eu nem lembro deste último, minha mãe me contou, eu lembro de tudo que aconteceu antes ou depois, mas nada deste período, exceto que eu estava tão magro que tiveram de adicionar novos furos ao cinto para que prendesse novamente a calça. 

    Mas nada disso, nem minha miopia de 4,50 no olho esquerdo e 5,50 no olho direito, o astigmatismo, a pobreza, nada disso me machuca mais do que a solidão, olha que eu já caí 8 metros de escadaria e por outra vez acertei a coluna na quina da escadaria, eu andei por quilômetros com o tornozelo torcido e peguei um ônibus para o hospital por opção própria para não pegar um táxi, nada disso machuca mais que a solidão, pois estas dores desapareceram em horas, dias ou meses, a solidão me persegue até hoje.

    A falta de esperança de que um dia isso acabe, vendo somente as pessoas partirem, mas nunca chegarem, machuca a minha alma. 

    Com amor, nada é tão difícil de superar, sem ele, tudo, por mais mundano e banal que seja, parece o mais impiedoso dos desafios.


Toinho Stark do Cangaço, 24/02/2022

死にたい

本当にだめだ

大嫌いです


荒潮たすけって下さい