sábado, 13 de julho de 2024

O doce passado

     Queria voltar aos bons momentos eternizados em minha memória, quando minha preocupação era que Junho tinha 30 dias, queria voltar a abraçar minha tia, que me criou quase como mãe, que Deus a tenha, meus avós, meus tios, que um dia me trouxeram tanta alegria, na época eu não sabia, se soubesse, mais atenção daria, o tempo que me deram não volta mais, depois de tudo que fizeram, agora descansam em paz.

    Saudades de quando eu chorava de birra e não de tristeza, de conseguir a proeza de achar sempre esperança, a espera de uma bonança que talvez nunca chegará. Enquanto míngua meu desejo e alegria de viver, minha expectativa de vida minha esperança. 

    O passado era doce, eu tinha tempo, um pouco de amor e carinho, e, mesmo que pouco, era melhor que nada, eu tinha asas mas não tinha liberdade, hoje sou livre, mas minhas asas enferrujadas não têm força de me levantar do chão, me rastejo até minha liberdade, que nada me vale pois dela não posso gozar.

    Não que o passado seja bonito, mas nem 15 anos implorando pelo doce alívio da morte, para que eu parasse de ser torturado pelas alergias, sinusite, rinite e mais, meu refluxo que me limitava e me fazia passar mal todos os anos, o bullying que eu sofria, até mesmo de professora e diretor de um colégio, os castigos abusivos só pela minha hiperatividade, ser trancado no quarto, humilhado, ter ficado doente de algo, que nem os médicos sabiam o que era, por meses ao ponto de ficar extremamente magro, cair o cabelo e eu quase morrer, se bem que eu nem lembro deste último, minha mãe me contou, eu lembro de tudo que aconteceu antes ou depois, mas nada deste período, exceto que eu estava tão magro que tiveram de adicionar novos furos ao cinto para que prendesse novamente a calça. 

    Mas nada disso, nem minha miopia de 4,50 no olho esquerdo e 5,50 no olho direito, o astigmatismo, a pobreza, nada disso me machuca mais do que a solidão, olha que eu já caí 8 metros de escadaria e por outra vez acertei a coluna na quina da escadaria, eu andei por quilômetros com o tornozelo torcido e peguei um ônibus para o hospital por opção própria para não pegar um táxi, nada disso machuca mais que a solidão, pois estas dores desapareceram em horas, dias ou meses, a solidão me persegue até hoje.

    A falta de esperança de que um dia isso acabe, vendo somente as pessoas partirem, mas nunca chegarem, machuca a minha alma. 

    Com amor, nada é tão difícil de superar, sem ele, tudo, por mais mundano e banal que seja, parece o mais impiedoso dos desafios.


Toinho Stark do Cangaço, 24/02/2022

死にたい

本当にだめだ

大嫌いです


荒潮たすけって下さい

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