Penso aqui neste metrô de número 17 o quão difícil é compreender o outro, são pessoas de várias idades, vários gostos, medos e segredos, não posso nem imaginar o que cada um já passou. Irônico notar que o metrô anda mais rápido durante o dia, tal qual as pessoas ficam mais lentas e fatigadas à noite. O mesmo cheiro de sapata queimada me faz lembrar de quantas ideias passam por aqui, quantas vezes é a primeira vez que vejo alguém, quantas a última.
Logo vejo a dificuldade de entender, tantos milênios de conhecimento estão reunidos num mero vagão da Santa Matilde, imagine no mundo. Cada um tendo um ponto de vista da mesma coisa, cada julgamento e preconceito que todos têm perante os outros. Me lembra da escola, cada um com seus julgamentos e suas humilhações, ainda quando por brincadeira, se pautavam nas inseguranças da pessoa para tal, o medo de expor a verdade ou de acreditarem na mentira era combustível da preocupação. Somos forjados a esconder nossas inseguranças, cada pessoa por um martelo, isso explica o comportamento de cada pessoa, os que se protegem do mal se fechando, se abrindo, se tornando ignorante, causando o mau a si ou ao outro, semeando o bem, escrevendo, desenhando ou compondo.
Não é fácil entender o sentimento alheio, tentar respeitar a todos é uma tarefa digna de um TCC, ser respeitado por todos é utopia. As palavras não têm significado, por mais que você diga o contrário, eu tenho amigos que posso xingar à vontade, rimos juntos e nenhuma hostilidade, mas posso ofender alguém somente elogiando, isto que nem entrei no mérito de línguas diferentes. As palavras significam apenas o que queremos que elas signifiquem, porém cada pessoa tem seu próprio querer, será que falamos mesmo a mesma língua?
Existo em um cenário distinto, enquanto muitos se veem como protagonista, eu me via como um NPC, sempre achando que nada era para mim e que deveria seguir a vontade alheia, só dedicando a mim os tempos de solidão, que nem meu mais são, busquei tanto compreender e agradar a todos que esqueci de mim, até o ponto da exaustão, quando o egoísmo tomava conta de mim, mas rapidamente tudo voltava ao normal. Agora só quero para mim o amor, será que um dia terei?
Toinho Stark do Cangaço, manhã do dia 12/06/2024
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