Entre tantas coisas em minha vida, lembro da difícil luta para respirar, para dormir, o inferno que foi do meu nascimento aos 15 anos de idade, espirrar, corizar, coçar os olhos, as duas narinas entupidas, nem podia beber água direito, nada tinha o gosto certo, isso quando tinha algum, mal conseguia pegar no sono, quando pegava, acordava sufocado no meio da noite. Era uma luta, eu implorava para morrer, mas uma glória me salvava, na verdade, uma Helena.
Afagar suas mãos em minha cabeça me tirava de tempo, mesmo que não tirasse os sintomas, era como mágica, a dor de cabeça sumia, o corpo deixava de euforia e, enquanto o catarro escorria, o meu corpo aquecia, a mente me adormecia, só assim eu dormia. Quando estava triste, seu ombro de mãe me acolhia, quando não ela, era minha tia, que foi afagar os anjos em 2020, cuidar de tantos que precisavam dela no outro lado, deixando aqui minha mãe para me cuidar, pena que muitos também precisam.
E assim, há muito minha mãe não afaga minha cabeça, eu cresci, mas esta abstinência ficou, uma doce e leve mão feminina que tinha magia em seu toque, pois um amor puro e verdadeiro pode vencer as mais difíceis batalhas. Hoje a rinite não é tão forte, mas a solidão sim, me falta mais que só uma mão. A mesma mão que batia quando errava, acariciava quando precisava, hoje não tenho nenhum, os tapas que eu levava nem machucavam perto do carinho que eu recebia, eram como um pedágio para ficar no paraíso.
Afogar minha dor neste sentimento é o que mais preciso, não consigo chorar em seu ombro sendo um homem crescido, não recebo mais seu carinho, não tens tempo nem para si, falando em tempo, infelizmente o de sua irmã e maior ajudante acabou, o que te sobrecarregou quando mais precisavas de descanso, não quero ser mais um fardo para ti, por isso te ajudo. Mas sou humano também, todos merecem amor e carinho, mas tal qual comida, nem todos têm.
Toinho Stark do Cangaço, 20/09/2024
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