O que tinha, a princípio, era uma promessa de eternamente viver a felicidade, de dedicar-se um ao outro sem pedir nada em troca, um amor lindo e perfeito, pautado em nossa inocência e inexperiência, onde cada contato era mágico, cada descobrimento era como pisar na Lua, cada passo era pequeno para um homem, mas um salto para nossa felicidade. Horas a fio, me mantinha acordado para te agradar, me erguia para te fazer sorrir novamente, sabendo que o mesmo tu fazias por mim.
Que você se dedicou de maneira excruciante, pois a dor não te doía, era claro, em nossa cegueira de amor, víamos tudo. Teu sorriso, tuas lágrimas, me recordo com apreço, toda riqueza é ninharia perto disso, sei o valor que cada noite em claro, cada gemido, cada esforço, cada descanso e cada sorriso teve. O duro trabalho conjunto que fazíamos parecia diversão, alimentávamos nossa paixão sem nem perceber.
Houve um tempo que parecia mágica, que percorria a mão pelos seus cabelos e sentia tal energia, como se curasse minha alma. Teus doces risos eram pura dopamina, ecoavam dentro de mim e arrepiavam, meu corpo apenas mimicava tua felicidade sem se preocupar com motivos. Eras como um chocolate, que viciava a cada segundo, um prazer te ter comigo, te derreter em minha boca, saboreando aos poucos. Teus comentários da natureza, devaneios, as vezes que cozinhamos juntos, até os tapinhas que eu não pedi para receber e reclamei, tudo valeu a pena
Com isto, nós passamos por muitas coisas, tantos momentos maravilhosos, outros tristes, mas estavas lá ao meu lado nos piores dias de minha vida, me acolhendo nos teus braços, me dando teu ombro para choro, entendendo meu pranto e respeitando meu tempo. Lembro que estava de costas para ti, naquele fatídico dia 06 de Novembro, e você me abraçou por trás, sonorizando um leve gemido de calmaria, me dizendo que estava tudo bem, que iria ficar tudo bem. Das brigas tiramos ensinamentos, dos momentos tristes, criamos laços fortes, da fraqueza, a força.
Nosso tempo, porém, mudou aos poucos, sutilmente desatando os nós que nos uniam. No começo, cada minuto parecia durar horas, mas hoje em dia, as horas parecem durar minutos. Hoje mastigo apressado a barra inteira, sem sequer perceber que comi todo o chocolate, mesmo tentando saborear até os resquícios do dente, essa dose não surte mais efeito. Sinto-me perdido no espaço, se algum momento ao teu lado parece durar uma eternidade agora, é de tédio e não felicidade, não há novidade.
Amor, o que aconteceu com o tempo que passávamos juntos? Parece que agora nosso tempo vale menos, quando houve essa inflação? Por que perdeu tanto valor? É como se tudo tivesse virado rotina. Estou eu anestesiado por tanto te ter? Será que preciso dar falta de você para voltar a sentir todo aquele prazer? Preciso de respostas para esta que é a maior crise que já enfrentamos, a desvalorização do nosso precioso tempo.
Toinho Stark do Cangaço, 20-21/11/2024
20/11/2024
(No começo, cada minuto parecia durar horas, hoje em dia, as horas parecem durar minutos)
(O que aconteceu com o tempo que passávamos juntos? Parece que agora nosso tempo vale menos, quando houve essa inflação? Por que perdeu tanto valor?)
21/11/2024
(O que houve com nosso amor?)
(Chocolate)
(Hoje mastigo apressado a barra inteira, nem percebo que estou comendo todo o chocolate, mesmo assim, tentando colher até os resquícios do dente, essa dose nem surte efeito mais.)
(Como se tudo tivesse virado rotina)
(Estou eu anestesiado por tanto te ter? Será que preciso dar falta de você)
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